terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Editorial: Segurança pública - quem é o responsável?

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Segurança pública é tema necessário a ser debatido. Mas antes, uma pergunta deve ser feita: policiamento basta? O fator da insegurança talvez seja uma necessidade do sentido de estar “vigiado” e da punição que deve ser aplicada. Mas quem é responsável pela segurança pública? Não existe dúvida: o Estado é o responsável por manter nossa segurança, mas infelizmente isso é feito de forma falha e com “bonitos cenários de propaganda eleitoral”. Na prática, estamos a mercê de uma situação da barbárie. O Estado não cumpre com seu papel. Basta relembrar o crime organizado e a quantia de ônibus queimado.

Porém, acreditar que a segurança seja apenas função do Estado e do efetivo policial é uma atitude falha. Infelizmente, quando se debate a segurança pública, se faz debates apenas de “números de efetivos”, não de qual segurança pública queremos e reivindicamos. Segurança pública faz parte do processo de educação de uma sociedade, que não parta apenas de combater violência com violência. Nada é feito para garantir um processo de formar cidadãos mais humanizados e pacifistas. Pelo contrário, a busca pela segurança chega ao ponto de termos propostas como"vamos amarrar vagabundo em poste”. Já dizia o grande líder Gandhi “olhos por olho e acabaremos todos cegos”. Talvez já estejamos todos cegos, pois quando não conseguimos ter novos olhares sobre a humanidade, ela se afunda em suas contradições.

O chamado“cidadão de bem” pela sociedade pode ser o indivíduo que odeia raças, gêneros e povos, pode ser o indivíduo que comete violência contra a mulher, pode ser o indivíduo que falsifica diploma e assume profissão que não lhe pertence. Tememos quando existe um modelo de quem deve ser o cidadão protegido.

“A situação atual de desarranjo na segurança pública, esses altíssimos índices de criminalidade; a baixa legitimidade das instituições do sistema; os anacronismos na gestão e articulação das agências – seja no plano nacional, seja nos planos estaduais (e mesmo os novos dilemas advindos com a gradual municipalização da segurança) -, somada ao clamor social por melhorias no contexto de uma sociedade mais plural, com esplêndida diversidade cultural e que deseja ser democrática – que não aceita mais os panos quentes como respostas aos problemas públicos – (essa situação) demanda a emergência de reformas estruturais em todo sistema de justiça criminal, especialmente uma reforma na segurança pública e nas instituições policiais”, comenta Robson Sávio Reis Souza, professor da PUC-MG.

Em primeiro lugar, precisamos educar para a cidadania e isso é responsabilidade da escola, a qual não cumpre seu papel, já que são declarados os atos violentos em nossas escolas, sejam verbais ou físicos.

Em segundo lugar, precisamos debater o papel da polícia como responsável pela segurança. Carecemos de criar um mecanismo de um policiamento comunitário, em que poder público, a comunidade e os policias estejam envolvidos em criar novas relações.

Em terceiro lugar, falta preparo para polícia. Os policiais militares, hoje, na cidade, possuem muitas qualidades, mas aqui falamos de um todo, pois percebemos que existe uma rotatividade dos efetivos, e não sabemos quem estará amanhã no posto. Mesmo que alguns defendam a violência policial, acreditamos que este não é o caminho para uma sociedade baseada em valores de paz. Policiais não precisam por medo nos cidadãos e sim ser agentes responsáveis pela harmonia social.

Em quarto lugar, existe a séria necessidade de uma formação de Direitos Humanos em todos os níveis, pois a vida de quem quer que seja tem o mesmo valor. Vida para todos!

Em quinto lugar, a violência não é natural e sim um fator cultural, social e econômico. Educamos para a violência que se faz em ciclos, que aprendemos em casa e é reproduzido na sociedade de forma cultural e em gestos.

Precisamos mudar nossas ações e realizar debates mais amplos sobre segurança pública, precisamos, hoje, na cidade de Cocal do Sul, mais efetivos policias para ocupar os cargos desocupados,  mas também precisamos mudar paradigmas sobre a segurança pública.

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