quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Opinião: Brasil, não podemos nos tornar fundamentalistas

por Rodrigo Szymanski
 - cocalcomunitario@gmail.com

O debate do estado laico novamente é pautado nestas eleições. Sim o estado é laico, não confessa nenhuma religião e nem pode fazer. Um estado laico é necessário para garantir os direitos a todas as denominações religiosas, o Brasil por excelência é um país religioso, temos o maior número de católicos do mundo, o maior número de igrejas evangélicas, o maior número de seguidores das religiões de matrizes africanas.

Sou católico por confissão e prática religiosa oriundo de experiências religiosas, porém me causa estranheza e espanto quando o debate religioso é mais forte que questões de direitos sociais. Publicamente a fala de um pastor com quatro mensagens em rede social mudaram um item no plano de governo de determinada candidata. Isso é bom para a democracia brasileira?

A pastora luterana Romi Márcia Bencke defende no site do CONIC (Conselhos Nacional das Igrejas Cristã do Brasil): “cresce no Brasil, a cada eleição, a instrumentalização da política por parte de grupos religiosos, a maioria de matriz pentecostal ou neopentecostal. Estes grupos defendem pautas políticas de caráter bastante conservador, na maioria das vezes, um tanto distanciadas da preservação e ampliação dos direitos humanos. Muitos desses grupos detêm meios de comunicação e conseguem fazer com que suas posições e atuações se tornem públicas”.

Por sermos um estado laico, temos o direito garantido de confessar a fé que é mais conveniente a cada um, seja ela católica, muçulmana, budista, evangélica, candomblé, ou não confessar nenhuma crença. Não posso impor minhas bandeiras e crença a todas as pessoas do Brasil. Apesar de sermos um país de pluralismo religioso a pastora Romi ainda destaca: “Se, por um lado, se percebe a positividade do aumento do pluralismo religioso, por outro, nota-se que há uma intensificação da intolerância religiosa no país”. Grupos, principalmente evangélicos fundamentalistas imporem suas demandas ao estado com uma bancada evangélica, ao mesmo tempo que muitos perseguem e satanizam religiões de matrizes afrodescendentes como o Candomblé e o Umbanda.

É preciso olhar com mais cuidado para os preceitos de uma humanidade como um todo, plural, ecumênica, fraterna e respeitar as diversidades. Com mais dialogo e menos ameaças. 

Quando a preocupação com o casamento gay causa mais movimentação na sociedade do que os problemas com morte de violência e pessoas que morrem nas filas dos hospitais.

Olhando para o evangelho é possível perceber em João 10,10? "Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância". Vale pensar nisso!








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