segunda-feira, 7 de julho de 2014

Espaço Educação: Ciência e Tecnologia a serviço de quem?

por Juliano Carrer
 - cocalcomunitario@gmail.com

Em 1945 foi publicado o relatório Bush, que se pronunciava sobre a relação entre a Ciência e a Vida, gostaria de iniciar esta coluna com um pedaço desse relatório:
"Os avanços na ciência, quando colocados no uso prático significam: mais trabalho, salários mais altos, horas mais curtas, colheita mais abundante, tempo mais livre para a recreação, para o estudo, para aprender a viver sem o trabalho fatigoso e enfraquecedor que tem sido a carga do homem comum do período passado".

Parece piada. Esse é um dos objetivos da ciência? É isso que a ciência tem buscado? As respostas para essas perguntas não são simples, pois para uns a ciência deve sim melhorar a vida das pessoas, mas para outros a ciência deve servir a um maior ganho de dinheiro.

Em uma empresa, quando surge uma máquina, ela vem para facilitar a vida do trabalhador ou substituí-lo? Nas empresas de ônibus, por exemplo, é muito comum a instalação de "roletas" automatizadas, que acabam substituindo o cobrador. Com isso, o motorista, além de se preocupar com a direção do transporte precisa também ficar atento aos passageiros na "roleta", afinal de contas sempre acontecem imprevistos. Tira-se um emprego e sobrecarrega-se o outro trabalhador.

Quando disse que alguns querem uma ciência a serviço do dinheiro, enquadra-se aí uma minoria da população que é detentora do poder financeiro mundial. Mas se a minoria da população mundial é detentora do poder financeiro, porque a maioria não faz com que a Ciência esteja a serviço de todos?

A resposta a isso é "simples". Essa maioria não participa da discussão do que e para que a ciência se desenvolve.

E como mudar esse ciclo de exploração da ciência pela minoria? Primeiro existe a necessidade de criarmos espaços de decisão em nossa sociedade onde a população possa interferir nas decisões do desenvolvimento da Ciência. Entretanto, não basta abrir espaço para as pessoas decidirem algo se elas não estão preparadas para refletir sobre isso. A exemplo disso temos as próprias eleições de forma geral, as escolhas nem sempre são feitas com reflexão, com conhecimento das propostas dos candidatos, do que esses fazem concretamente em suas vidas, das parcerias que eles fizeram. Ou seja, uma das chaves da questão é o conhecimento.

É preciso garantir o acesso ao conhecimento científico. Entretanto, não basta o acesso ao conhecimento científico, é preciso um pensamento crítico frente a esse conhecimento. Do que adianta saber como funciona um celular se não somos capazes de analisar qual matéria prima é necessária para fazê-lo, se a Terra possui matéria prima suficiente e até quando terá, que efeitos na natureza o uso dessa matéria prima causará, que necessidade temos dessa tecnologia, todos precisam tê-la?... Enfim, as perguntas a serem feitas são muitas, que precisam e devem ser refletidas para que as decisões não partam apenas do senso comum.

Fazendo uma breve síntese, penso que para que a Ciência e Tecnologia estejam a serviço dos seres humanos precisamos dos seguintes pontos:
• Conhecimento;
• Pensamento crítico frente a esse conhecimento;
• Espaços de decisão dos rumos da Ciência e Tecnologia.

E o que mais importa é que em todos esses três pontos tem gente em todo o planeta lutando para evoluirmos cada vez mais.


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