terça-feira, 22 de julho de 2014

Espaço Cultura: Questão de Tempo - muito mais que uma comédia romântica

por Guilherme Fabro
 - cocalcomunitario@gmail.com

Assisti "Questão de tempo" no começo do ano, fui esperando um filme simples, uma comédia romântica normal, como não tinha outra opção para o dia sobrou esse filme, e que excelente surpresa. O filme mais surpreendente do ano até agora.

Ele conta a história de Tim (Domhnall Gleeson), um jovem inglês, que em uma festa de réveillon com sua família descobre, após uma conversa com o pai (Bill Nighy), que os homens de sua família têm a capacidade de viajar no tempo, para qualquer parte do seu passado. Com esse conhecimento, ele começa a resolver todas as pequenas pendências de sua vida. Pouco depois, Tim vai morar em Londres com Harry (Tom Hollander), um produtor de teatro amigo de seu pai, para cursar a faculdade de Direito. E lá ele conhece Mary (Rachel McAdams), por quem se apaixona à primeira vista.

Com poucos minutos fica claro que o filme é muito mais que apenas uma comédia romântica, os diálogos são incríveis, as atuações excelentes, a fotográfica é linda, as cenas são de encher os olhos e isso é um mérito do diretor Richard Curtis. As sutilezas que diferenciam o excelente trabalho de Curtis se espalham por todo o longa. Tim poderia facilmente utilizar seu dom apenas por razões egoístas, como ficar com várias mulheres e depois agir como se nada tivesse acontecido. Mas aqui, ele o faz para se aperfeiçoar como pessoa e conquistar o amor de sua vida. Aqui o primeiro grande ponto positivo. O segundo digno de comentário é que no desenrolar da trama, passamos a acompanhar a vida do casal e percebemos que não tem nada de diferente da maioria dos casais, com problemas, medos e esperanças como qualquer um.

A sequência na estação de metrô é tão bem executada que merece um comentário a parte. Com as mudanças de figurino de acordo com a estação do ano, fantasias usadas em festas e a rotina de trabalho, em uma bela montagem sem cortes aparentes e os beijos de despedidas demonstram a evolução do relacionamento. O filme é repleto de momentos marcantes, como toda a sequência do casamento, a divertida escolha dos padrinhos, o emocionante passeio à beira mar no terceiro ato.

Outro destaque fica por conta de como as “regras” para a viagem no tempo são colocadas para o espectador do mesmo modo que são explicadas a Tim. Como em quase todos filmes sobre viagem no tempo, alterar um pequeno detalhe no passado pode trazer drásticas alterações no presente. Vemos isso várias vezes no filme, mas o destaque fica para o momento que observamos o quão trágica a vida de sua irmã fica após Tim alterar seu passado.

Outro elemento marcante é a trilha sonora, que cumpre com louvor a sua função de reforçar os sentimentos vistos em tela. Impossível não se emocionar com canções como “How Long Will I Love You” ou “Mid Air”.

Nem os elementos técnicos, a direção ou a excelente trilha sonora fariam o filme funcionar não fosse a química que une o poderoso elenco. Lindsay Duncan, Lydia Wilson, Richard Cordery e Tom Hollander estão todos impecáveis. Mas os grandes destaques ficam para Domhnall Gleeson que demonstra total domínio de seu personagem e consegue, com isso, ilustrar bem todo o desenvolvimento de Tim, Rachel McAdams mais uma vez dando show e isso fica claro quando Tim começa a falar sobre Kate Moss e é possível perceber, apenas por seu olhar, o momento exato em que a moça se apaixona por ele e Bill Nighy. A emoção que confere em sua relação com o filho é capaz de amolecer o coração de qualquer espectador. E aqui temos a grande mérito do filme.

Filme que começa simples e até bobo termina em algo complexo e lindo. A lição que aprendemos junto com Tim, que devemos aproveitar a vida nos pequenos detalhes, todos os dias, continua simples e por isso é tão grande. Outra lição que pode ser tirada é que ao contrário de Tim, não podemos voltar no tempo e isso é ótimo, assim podemos aproveitar as coisas como se fosse a primeira vez de verdade. Não perca tempo, aproveite a vida, lute por seus sonhos, corra atrás, cada dia que passa é um dia a menos e devemos nos orgulhar de como ele passou.

Essa é a grande beleza do cinema, um único filme é capaz de passar todas essas lições.

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