segunda-feira, 12 de maio de 2014

Espaço Educação: Liberdade de escolha

por Juliano Carrer 
- cocalcomunitario@gmail.com

Recentemente tivemos casos de "vazamento" de imagens e vídeos de nudez de adolescentes no município de Urussanga. Em Cocal isso também já aconteceu, e provavelmente ainda acontece.

E como está na moda divulgar a vida pessoal, as pessoas se deleitam com tais acontecimentos, a exemplo dos programas de televisão que ganham o público expondo a vida pessoal de algumas pessoas. Partindo desse ponto de vista, umas das percepções que tive foi de que as pessoas em geral buscam saber de quem se trata as imagens e desejam vê-las. Outra análise que faço é que as meninas envolvidas são tratadas geralmente como pessoas indignas ("vagabundas", "não merecem respeito", "mal educadas", "putas", "sem vergonha"... sendo essas algumas das expressões que ouvi).

Quero partir desses dois pontos para a minha reflexão:
1.    Necessidade de saber/ver.
2.    Tratamento dado às vítimas.

Tratamento dados às vítimas
Inicio pelo segundo ponto, e para ajudar lembro um caso de repercussão nacional, em que a menina, no caso maior de idade, postou na sua página do facebook que não se envergonhava de ter filmado a relação sexual dela com o namorado. Segundo ela, isso é uma escolha dela. Trago esse "depoimento", pois concordo com ela, temos direito sobre nosso próprio corpo e como tal direito de filmá-lo caso queiramos. Além desse direito, temos direito a compartilhá-lo com quem quisermos. Entretanto, quando fazemos isso, compartilhar com alguém uma imagem, estamos criando uma relação de confiança com essa(s) pessoa(s), a qual é quebrada quando aqueles que a recebem enviam/compartilham com outras pessoas sem o nosso consentimento.

Uma outra questão presente neste ponto é o tratamento machista dado ao acontecido, visto que geralmente são os meninos que compartilham as imagens das meninas, sendo assim eles são os traidores de confiança (e não elas). Mas mesmo assim são elas as criminalizadas pelo senso comum, são elas as "pecadoras". E os meninos? Parecem nem serem lembrados nas "fofocas" do cotidiano.

Necessidade de saber/ver.
A curiosidade é algo presente em nossa vida, nascemos curiosos e assim continuamos. Entretanto com a maturidade temos que saber distinguir entre o que iremos em busca e o que não faremos questão de conhecer. Não se trata apenas de "puxar a orelha" das pessoas que buscam visualizar tais imagens/vídeos de nudez dos adolescentes, mas de tentar refletir que quanto mais darmos atenção a este ato criminoso, mais ele se repetirá. É preciso sensibilidade e capacidade de se colocar no lugar do outro. E quando vemos as imagens/vídeos estamos incentivando essa rede de perversidade. E deixo claro, não perversidade de quem se deixa filmar, mas perversidade daqueles que se divertem com a imagem do outro/a.

Por que ficar vendo essas imagens? O que elas acrescentam de positivo em nossas vidas?

E não menos importante, é preciso lembrar que isso é crime. Não podemos usar a imagem de alguém sem seu consentimento.

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