quarta-feira, 12 de março de 2014

Opinião: 50 anos do Golpe militar, devemos esquecer?

por Rodrigo Szymanski 
- cocalcomunitario@gmail.com

É importante esses tempos de “manifestações” que nascem com novos caráter, novos significados, novos conceitos, novos sujeitos, principalmente de uma juventude que viveu em tempos de “calmaria social”. As manifestações e movimentos nascem com vários horizontes e por isso é preciso analisar a história, principalmente a História do Golpe de 1964 pelos militares no Brasil. São 50 anos do triste e sanguinário golpe militar.

Após um período de governo tido como “populistas” e algumas propostas de reforma de base, como a agrária e educacional, veio a ameaça do “comunismo”. A sociedade civil organizada, leia-se uma elite burguesa conservadora, ajudou e porque não sustentou os militares apoiados pelos EUA a darem um Golpe Militar e ferir profundamente o processo democrático. O Governo não era de esquerda e eu questiono se o “Comunismo” que assombrava os Estados Unidos da América chegaria ao Brasil, como chegou gloriosamente na pequena Ilha de Cuba com Fidel e Chê Guevara. São contextos e realidades diferentes por demais.

Não podemos classificar ainda os movimentos que nascem hoje como de esquerda ou direita. O que sabemos é que ambos estão aglutinando forças. A esquerda nasce como uma nova proposta de esquerda, já não mais nas lógicas de aglutinação pelo viés político-partidário, uma novidade um tanto quanto de origem anárquica. Porém existem fatores superinteressantes, como a vitória dos Garis no Rio de Janeiro, conseguindo 37% de aumento salarial, isso sem apoio do Sindicato (sindicatos hoje se tornam espaços burocráticos que não conseguem se alinhar com a novidade, sem contar a quantia de sindicatos pelegos). A Revolução Laranja ou revolução das vassouras mostra o desafio e as possibilidades principalmente dos sujeitos mais oprimidos e mais invisíveis da sociedade.

Porém, a Direita, com um viés conservador, continua a se articular com as mesmas técnicas de sempre. As elites não suportam a ascensão ou conquista de direitos básicos dos mais excluídos que ganham espaços na sociedade. Com medo de perder “direitos” exclusivos as elites se articulam com “novas” estruturas de poder. Mesmo que o congresso, senado e os partidos político em sua maioria sejam conservadores de centro ou direita, nos últimos anos perderam muita força por motivos dos avanços sociais do Governo do PT. Vejamos, a manifestação #nãovaitercopa é puxada por quem? A elite se coloca contra a copa do mundo e por isso até divulgaram um texto em que o ditador militar e ex-presidente Figueiredo foi contra a copa do mundo no Brasil na Década de 1980, pois o povo precisava de outras coisas. Estariam as elites (que são contra todos os avanços sociais, que se negam a aumentar salário dos trabalhadores, que fazem parte da verdadeira corrupção do Brasil) disposta a sacrificar a copa pelo bem do povo? Ou usam disso como artimanha para um Golpe das elites conservadoras se manter no poder? Hoje os integralistas se rearticulam, os militarem chamam uma nova marcha pela família, a intolerância aumenta descaradamente.

O PT, partido que nasce das articulações sociais, principalmente dos membros da Igreja Católica, dos sindicatos e movimentos sociais, que há 10 anos está no Poder, se encontra entre a “cruz e a espada”. Já não é mais a referência da esquerda e da juventude que busca mudança e é o grande alvo das elites e da direita. O PT aglutina ou aglutinou em seus núcleos partidários os líderes da resistência dos “anos de chumbo”. O PT hoje é o maior partido, vai sem dúvida para 16 anos ininterruptos de governo no País. Mas precisa compreender o momento histórico. As leis de punição de manifestações coloca em risco a democracia e acelera o processo da retomada da direita ao poder. As manifestações de rua de cunho de uma nova esquerda não é a grande ameaça do PT.

Hoje, como há 50 anos, sem acreditar que a história vive de ciclos, novas forças e formas de organização nascem, lembremos do ano de 1968, o ano que não terminou. No fim da ditadura e redemocratização do Brasil. O sociólogo Eder Sader escreveu o livro “Quando novos personagens entraram em cena”, hoje temos novos personagens, uma direita articulada e com risco como na Venezuela, Paraguai e Honduras de golpe apoiado pelos EUA. Que já o fez no Brasil com ajuda da grande mídia. Temos uma jovem esquerda que nasce, ainda descobrindo suas Utopias. Temos um governo que já foi a utopia e hoje não responde aos “novos personagens”.

Após 50 anos de um Golpe que calou, matou e ensanguentou a democracia, hoje corremos riscos e para que isso não aconteça devemos ficar atento para que não aconteça novos “1964” em nossa história.

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