domingo, 9 de fevereiro de 2014

Opinião: Experiência com encarcerados

por Rodrigo Szymanski
 - cocalcomunitario@gmail.com

Tive a oportunidade de vivenciar uma experiência no Presídio de Florianópolis pelo projeto da Pastoral Carcerária, denominado “Estampa Livre”, o qual é aplicado o trabalho de costura de camisetas e estamparia. Fizemos a experiência de entrar no presídio e sentir as grades fechando em nossas costas, uma sensação que não é da melhores, mesmo sabendo que após algum tempo estaríamos fora.

Eram oito jovens encarcerados em um espaço do complexo do projeto “Estampa Livre”, um tanto diferentes dos presidiários que estão nas celas comuns, porém foi possível ver a diferença que se tem quando se acredita na pessoa humana. Tivemos a experiência de dialogar com aqueles oito jovens encarcerados, falaram das suas experiências e oportunidades de estar ali no projeto e não nas celas, um deles disse: “se estivéssemos nas celas estaríamos deitado junto a nove presidiários em um espaço minúsculo, aqui podemos trabalhar, ter uma renda, pensar... Vocês não sabem o que é ter um copo de água gelada, um chuveiro e privada em um presídio”.

Conversamos e escutamos sobre o falho sistema que vivemos, um dos encarcerado disse “o presídio é deste jeito por que não querem que as pessoas mudem, alguém esta lucrando com tudo isso”. Falaram de suas penas, de 16, 15, nove, 23 anos... E os motivos das penas.

Poderíamos pensar: “bem feito, só estão pagando por o que fizeram”, mas isso mudaria algo? Eles estão pagando por seus erros, mas não seria mais justo que pagassem de forma a mudar de vida? Aprendemos o que já sabíamos, o sistema carcerário é falho, aprendemos que é possível novas formas de reabilitação dos apenados. Basta querer!

Infelizmente hoje a sociedade pensa simplesmente que um presídio garante a segurança. Infelizmente presídio não ressocializa aqueles que cometeram crimes. Muito pelo contrário, garante um aprofundamento do crime. Quando estes apenados saírem para rua, terão um emprego? Terão oportunidades? Não é aqui querer ver uma visão romântica dos presídios e dos projetos, é ser realista... Podemos sim mudar a sociedade, mas é preciso antes de tudo acreditar nos seres humanos, garantir que voltem a ruas para suas famílias com oportunidade de não retornar a vida de crime.

Hoje todos defendem que “a educação muda a vida”, seja ela da família e da escola. Se acreditarmos mesmo nessa máxima iremos defender e acreditar na mudança das pessoas, se acredito que “educar” muda, não posso jogar alguém em uma cadeia e deixar ele por dez, 20 anos em uma sela, sem oportunidade de mudar. Precisamos repensar o sistema carcerário, o sistema de dignidade para todas as pessoas. E talvez, para os cristãos, fica o lema da Pastoral Carcerária “eu estava na prisão e fostes me visitar” (Mt 25, 36).

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